A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar Giros e Afetos, com curadoria de Luis Pérez-Oramas, que reúne trabalhos de 20 artistas desse período: Amelia Toledo, Angelo Venosa, Antonio Dias, Cao Guimarães, Carlito Carvalhosa, Carlos Zílio, Cristina Canale, Daniel Senise, Fabio Miguez, José Claudio, Karin Lambrecht, Leda Catunda, Leonilson, Marcos Chaves, Paulo Bruscky, Rodrigo Andrade, Sérgio Sister, Tomie Ohtake e Vik Muniz.
Embora esse período na arte brasileira tenha sido marcado por um ressurgimento da pintura, em especial por meio da chamada Geração 80, a mostra apresenta trabalhos em diferentes linguagens, como aquarelas, desenhos, esculturas e bordados. Um elemento que chama a atenção em alguns trabalhos é, por exemplo, a influência do Neo Expressionismo alemão, visível nas pinturas de Fábio Miguez e Carlito Carvalhosa, durante o período em que ambos trabalhavam juntos no Ateliê Casa 7. O colorido escuro e a presença de elementos de aspecto cartunesco eram característicos de nomes que lhes serviam de referência, como Markus Lupertz, Philip Guston e Jean Michel Basquiat.
Referências a natureza também podem ser observadas em alguns trabalhos da mostra, como o de Antonio Dias, datado do início dos anos 1990, no qual emprega materiais como grafite, cobre e malaquita, de forma a investigar circuitos energéticos, e no de Angelo Venosa, de 1994, onde realiza experimentos plásticos com dentes de boi e chumbo. No campo das abstrações, os principais pontos da mostra são as experimentações formais e cromáticas realizadas por Tomie Ohtake e Amelia Toledo. Enquanto a primeira passou a executar trabalhos misturando tinta acrílica e água, produzindo pinturas de aspecto nebuloso e sugestivo, a segunda retomou a prática pictórica depois de um longo período de tempo, explorando o cromatismo e a relação com o suporte.
Nas palavras de Luis Pérez-Oramas: “Entre voltas e afetos, mesmo compartilhando o mesmo momento histórico, mesmo aparentemente idênticos, os artistas e suas obras são únicos e irrepetíveis, e cada um deles inaugura uma temporalidade específica, uma heterocronia onde se conjugam exclusão e afeto, memória e mente”.