Apropriações e interpretações da forma humana e natural conduzem a coletiva O Corpo e a Obra de Arte, que a Galeria Nara Roesler SP abre em 20 de fevereiro
Em suas apropriações e interpretações concebidas pelas artes visuais, a forma física humana ou até natural, é o fio condutor da coletiva O Corpo e a Obra de Arte, que a Galeria Nara Roesler de São Paulo abre no dia 20 de fevereiro, paralelamente à individual de Angelo Venosa, Giusé. A mostra fica em cartaz até 26.03.2016.
Dezessete artistas do cast da galeria exploram as possibilidades estéticas e conceituais da representação do corpo: Alice Miceli, Antonio Dias, Berna Reale, Brígida Baltar, Bruno Dunley, Carlito Carvalhosa, Karin Lambrecht, Melanie Smith, Paulo Bruscky, Raul Mourão, René Francisco, Rodolpho Parigi, Vik Muniz, Virginia de Medeiros e Xavier Veilhan.
Nas obras, a figura humana surge captada por diversos aspectos e procedimentos. Pode ser tanto representada figurativamente, como na alegoria A Grande Tela (2015), de Rodolpho Parigi; nas linhas difusas - quase uma anti-representação - de Cadeira Ejetora (2011), de Bruno Dunley; ou no mosaico de partes de corpos que reproduzem o quadro mais famoso de Courbet de Pictures of Magazine 2: Origin of the World, after Courbet (2013), de Vik Muniz. O francês Xavier Veilhan e suas esculturas tecnológicas de grandes produtores musicais chegam ao hiper-realismo dessa vertente.
A performatividade do corpo está nos trabalhos de Alice Miceli (Jerk off - Dízima Periódica III, 2006-2011), Berna Reale (Ordinário 2013), Paulo Bruscky (AlimentAção, 1978) e Virginia de Medeiros (Auto-retrato - Jardim das Torturas 2012-2014).
Mas a presença física pode se dar também nos detalhes, como no sangue do sacrifício de um carneiro absorvido por um pano branco em Animal (2004), de Karin Lambrecht; na escultura que (con)funde uma paisagem montanhosa a pontas de dedos, Objects for Bulto 1 (2012) de autoria de Melanie Smith; ou na metáfora conceitual de Antonio Dias, Manivelas (1999), abordando a territorialização imposta pelo mundo contemporâneo aos corpos, aos desejos e aos indivíduos.
A estilização do corpo humano, reduzido ao reconhecimento pela insinuação de sua forma mais básica, está presente nos trabalhos de Raul Mourão (Dead or Alive, 2011) e René Francisco (Dê-me uma Mão, 2012). Na antítese, Carlito Carvalhosa e Brígida Baltar usam matéria orgânica, como madeira, para traduzir a fisicalidade, humana ou natural, em uma associação sutil com o corpo renaturalizado. No jogo entre a presença material das obras e suas diversas associações sensíveis e conceituais, O Corpo e a Obra de Arte remonta ao reestabelecimento da percepção unitária entre corpo e espírito, forma e conceito, aparência e essência.